segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

ASSOMBRÇÃO RETROCOGNITIVA - VOLTA NO TEMPO

 

                                                              Petit Trianon

                 Esta história de volta no tempo da Revolução Francesa se passou foi protagonizada por duas senhoras amigas que visitavam o Petit Trianon na França de nossos dias. Ela conta tudo o que sentiram durante a visita. Aqui é contada em forma de romance para ser mais agradável.

No final você poderá ler as minhas impressões conclusões vistas pela lado científico. 

 

      Há muito tempo os pesquisadores paranormais são fascinados por um tipo raro de assombração conhecido como retrocognição, isto é conhecimento retroativo. São situações nas quais os receptores dizem experimentar acontecimentos e ambientes do passado, como se fossem transportados no tempo.

     Os relatos de experiência desse tipo não são novos. W.H.W.  Sabine, um estudioso de paranormalidade, sugere que a descrição da criação feita no Gênese tenha baseado em retrocognição. E esses continuam a ocorrer.  Em 1963, a senhora Coleen Buterbaugt, secretária da Universidade Wesleyan em Nebraska, contou que, ao entrar em uma sala do campus, foi golpeada por um silêncio súbito, sentiu a presença de um homem invisível, em uma escrivaninha e viu uma mulher com vestido antiquado que "simplesmente desvaneceu-se". Quando olhou pela janela, contou a secretária, "não havia uma única coisa moderna lá fora e em a rua estava lá. Foi quando me dei conta de que aquelas pessoas não estavam no meu tempo, mas eu estava de volta ao tempo delas". Saindo de novo para o corredor, relatou, ela se viu de volta ao tempo presente. 

       Mas o caso mais famoso e sensacional de assombração retrocognitiva   veio à atenção do público em 1911. Neste ano, as inglesas Anne Moberly e Eleanor Jaurdain publicaram  um livro chamado Uma Aventura. Era o relato de uma misteriosa experiência pela qual as duas haviam passado dez anos antes em Versalhees, o grande palácio vizinho a Paris que foi outrora a sede dos reis da França. O que as duas  mulheres afirmaram ter visto é um assunto que vem sendo estudado à muitos anos  pelos espiritualistas. 

         A experiência das duas amigas continuou. No verão de 1901, Eleanor Jourdain convidou sua conhecida, Anne Moberly, para juntas dar um passeio de duas semanaspor Paris e seus arredores. A senhorita Moberly chefiava a ala residencial para mulheres na Universidade de Oxford, e a senhorita Jourdain estava estudando  a possibilidade de ir trabalhar como sua assistente. A viagem, que seria a primeira visita de Anne à França, e a segunda de Eleanot, permitiria que se conhecessem melhor. 

         A despeito das diferenças de idade e personalidade, as duas descobriram que tinham muito em comum.  Ambas eram damas convencionais. Anne Moberly, de55 anos, era uma mulher tímida com fogosos olhos escuros por trás de um pincenê que cavalgava um nariz forte. Devia sua posição em Oxford não a sua educação, nem a suas capacidades administrativas, mas a sua posição social, como filha de um bispo anglicano. Eleonor Juourdain era competente, extrovertida, encantadora e vinte anos mais jovem que a senhorita Moberly. Também havia crescido na família de um e clérigo.

         No dia 10 de agosto, as duas forem de trem para Versalhes.  Nenhuma delas conhecia muito a história francesa. Anne admitiu que aprendera menos em obras eruditas do que em romances; e os cursos de história de Eleanor em Oxford haviam sido clássicos, interrompendo-se antes da era em que Versalhes florescera. 

         Fizeram diligentemente o passeio pelo palácio. O dia estava excepcionalmente fresco e ventoso paga agosto, e elas decidiram caminhar até o Petit Trianon, um dos dois palácios menores do conjunto. O fato de a última ocupante do Petit Trianon ter sido a malfadada  rainha Maria Antonieta dava-lhe um apelo romântico. Ela tivera profundos laços com aquele lugar, onde se recolhia para afastar-se da rígida etiqueta e das intrigas da corte. Com seu guia Baedeker em mãos e, talvez, uma lembrança da morte da rainha na guilhotina na cabeça, as duas entraram.

        Conversando  afavelmente, as inglesas passaram por um enorme jardim formal e depois enveredaram por uma alameda.  Mas as indicações não estavam claras, e elas acabaram saindo do bosque, deparando com o prédio errado - haviam chegado ao palácio chamado de Grand Trianon. 

        Depois de dar uma outra olhada no guia, seguirm por uma trilha que parecia levar ao Petit Trianon. A senhorita Moberly notou uma mulher sacudindo um pano da janela de um edifício pelo qual passaram, mas para sua surpresa a senhorita Jourdain  - que, ao contrário dela, era fluente francês e servia como porta-voz nos passeios que  as duas faziam - não pediu informações.

         O local estava curiosamente vazio de outros turistas. Em uma encruzilhada da qual partiam três caminhos, encontram dois homens de aparência grave com casacas  verdes e chapéus de três pontas. Pareciam ser jardineiros, pois havia um carrinho de mão e uma pá junto a eles. Quando Eleanor Jourdain  perguntou pelo caminho que levava ao Petit Trianon, os homens responderam,mas de maneira tão friamente mecânica que ela repetiu a pergunta, obtendo de novo a mesma resposta.  Olhando em volta, notou as roupas antiquadas de uma mulher e uma menina que estavam paradas na porta de uma casinha próxima. Sem fazer comentários com a companheiro, continuou com ela na direção indicada pelos dois homens. 

         Sem qualquer motivo aparente, a senhorita Moberly foi tomada de repente de uma extraordinária depressão. Talvez tímida demais para externar seus sentimentos a uma conhecida tão recente, não mencionou sua melancolia, mas foi sentindo cada vez mais angustiada. Ao mesmo tempo, a senhorita Jurdain também foi atacada por um sentimento quase esmagador de solidão, começando a sentir-se como uma sonâmbula. Ela tampouco mencionou a sensação que tomava conta dela, enquanto prosseguiam a caminho de Petit Trianon.

           Mergulhadas silenciosamente em sua depressão cada vez mais profunda, as duas professoras seguiram o caminho indicado pelos homens de casaca verde até encontrarem outra bifurcação. Bem diante delas erguendo-se sobre o mato à sombra do denso bosque, havia um pequeno quiosque redondo, onde estava sentado um homem com uma capa. O dia, que até então estivera incomumente fresco e arejado, ficou ameaçador, transmitindo uma sensação quase claustrofóbica. 

          Anne Moberly escreveu depois que tudo à volta dela "de repente pareceu pouco natural, e portanto desagradável; até as árvores atrás do quiosque pareciam planas e sem vida, como um bosque de tapeçaria. Não havia nuanças de luz e sombra, nenhum vento agitava as árvores, Tudo intensamente  parado". 

         O homem então virou a cabeça e olhou para elas. A sensação de mal-estar  transformou-se em medo, diante do olhar perverso no rosto escuro e bexiguento.  Ao mesmo tempo, a senhorita Jurdain não estava segura de que ele estivera de fato olhando para elas. A senhorita Moberly, por sua vez, ficou totalmente alarmada com o rosto, que lhe pareceu repulsivo e odioso. Mas nem ela, nem a companheira expressaram seus temores, falando apenas sobre a dúvida acerca do caminho a tomar. 

            Com se saísse do nada, um belo cavalheiro de longos cachos negros e chapéu de abas largas, calçando sapatos de fivela e coberto por uma capa, apressou-se em direção a elas, dizendo-lhes que deveriam ir pela direita para chegar ao palácio. Depois, inesperado guia continuou apressado, e em poucos instantes havia desaparecido. 

         Surpreendidas com sua rápida materialização e desaparecimento, mas agradecidas pela ajuda, as duas mulheres retomaram o caminho, que as levou através do bosque sombrio. No final deste, as inglesas finalmente avistaram o Petit Trianon pela primeira vez.

           As duas mulheres saíram do bosque e atravessaram um jardim em estilo inglês, em direção à fachada norte do Petit Trianon, o qual, na opinião de Anne Moberly, parecia mais uma casa de campo elegante do que um estabelecimento da realeza. Perto de um terraço que rodeava os lados norte e oeste do palácio, Anne Observou uma mulher que parecia estar desenhando.

           Os cabelos claros e bem bonita, portava um chapéu branco de abas largas e um vestido comprido, com um lenço claro nos ombros. Um conjunto evidentemente antiquado, concluiu a senhorita Moberly, para uma turista. Sentiu-se de algum modo incomodada com a mulher, pela qual ela e a companheira passaram em silêncio.

        Anne Moberly sentia-se oprimida pela quietude pouco natural e por uma sensação de sonho, quando ela  e Eleanor chegaram ao Terraço e deram a volta ao palácio, até chegarem ao pátio, na fachada sul. Lá juntaram-se a um alegre grupo de franceses que comemoravam um casamento - todos adequadamente vestidos com roupas do século XX - e entraram no palácio para visitar  o interior. O humor sombrio dissipou-se, e sua boa disposição normal voltou. 

         Talvez querendo suprimir uma experiência inquietante, as duas senhoras falaram sobre o passeio até duas semanas depois, quando Anne Moberly começou a escrever para a irmã uma carta na qual mencionava a busca do Petit Trianon. Enquanto estava escrevendo, senti-se mais uma vez  tomada pela depressão. Virou-se para a senhorita Jourdain e exclamou: "Você acha que o Petit Trianon está assombrado?" Eleanor respondeu, sem hesitar: "Sim, acho." Só então falaram a respeito das sensações que haviam tido naquele dia e tentaram explicar as estranhas roupas e atitudes do cavalheiro que haviam encontrado perto do quiosque. Depois dessa conversa, não voltaram ao tema até o final da viagem. Vários meses se passariam antes que o assunto voltasse à baila. 

         De volta a Oxford naquele outono, a senhorita Jourdain espantou-se quando Anne Moberly comentou que haviam passado por uma mulher sentada, no jardim do Petit Trianon. Ela não vira a mulher sentada. Mais tarde, ficou sabendo que o dia 10 de agosto, data da visita a Versalhes, fora crucial na história francesa, pois fora nessa data, em 1792, que as forças revolucionárias haviam prendido a família real, marcando o começo do fim para Maria Antonieta; depois disso ela encontraria a prisão e a guilhotina. As duas professoras especulam: teriam captado um traço da memória da rainha pairando perto do seu amado palácio, naquele aniversário negro? Era uma fantasia que pedia outra visita. 

         Eleanor Jourdain voltou a Paris nos feriados de Natal. Em um dia frio e úmido de janeiro ela atravessou o parque do Petit Trianon em direção a Hameau, uma diminuta reprodução de uma aldeia camponesa construída para Maria Antonieta, que a visitava quase todos os dias. Sensações de sonho e estranhas percepções acometeram a a senhorita Jourdain quando ela se aproximou do local. Passou por dois homens vestidos de túnica e capuz, carregando lenha em uma carroça. Quando olhou para trás alguns instantes depois, os homens haviam desaparecido. 

         Em Hameau, Eleanor foi de casa em casa, oprimida por um desânimo que se aprofundava à medida que se aproximava da cabana d rainha. Voltando ao bosque, ela vagou por um emaranhado de trilhas ocultas pela vegetação rasteira. Embora tenha ouvido o farfalhar de vestidos de seda (roupa imprópria para um dia úmido, pensou ela) e mulheres falando em francês, não viu ninguém além de um velho jardineiro grisalho.  de vez em quando, leves ecos de música de violino chegavam até ela.

        De volta ao palácio principal, a senhorita Jourdain perguntou se haveria um concerto no Petit Trianon naquele dia. Não, disseram-lhe, não houve concerto. Ela começou a pensar que devia ter ouvido música fantasmagórica vinda do passado. 

          O segundo passeio feito por Eleanor Jourdain em Versalhes reforçou a convicção das mulheres de que haviam experimentado algo fora do comum. Comparando seus relatos sobre a visita de  agosto, escritos independentemente , notaram algumas discrepâncias estranhas. Além de não ter visto a mulher desenhando no jardim, Eleanor não vira a mulher sacudindo o pano na janela. Por outro lado, Anne Moberly não notara a cabana com a mulher e a menina na porta. Era como se ambas houvessem visto através do tempo, cada uma delas tendo capturado imagens imperfeitas e diferentes. De algum modo, concluíram as mulheres, elas haviam assistido passivamente aos pensamentos de Maria Antonieta.  Segundo a hipótese delas, as visões que as tinham envolvido eram cenas de um vivo e melancólico devaneio que ocupara outrora a mente da rainha. Procurando ligar sua experiência à vida de Maria Antonieta, elas pesquisaram e estudaram dezenas de documentos. Um mapa traçado pelo arquiteto da rinha sugeriu-lhes que de fato houvera uma cabana onde a senhorita Jourdain vira uma, embora agora o lugar estivesse vazio. Em outro exemplo, um registro arquitetônico de 1780 mencionava uma pequena estrutura com colunas onde elas achavam ter visto o quiosque. 

        Convenceram-se também, com suas pesquisas, de serem capazes de identificar as pessoas que haviam encontrado. Os homens e casaco verde com o carrinho de  mão, concluíram não eram jardineiros, mas membros da Guarda Suíça encarregados de proteger o rei e a rainha. O homem sentado no quiosque foi identificado como o conde de Vaudreuil, que se revelara um falso amigo da rainha ao convencê-la a permitir a apresentação de uma peça sutilmente anti-monarquista. As professoras acreditavam terem sentido o desagrado da própria rainha ao verem Valdreuil. 

         Pedaços  convergentes de informação levaram-nas ao dia 5 de outubro de 1789, data relevante para alguns dos eventos que observaram. Segundo a tradição histórica, um mensageiro havia corrido ao Petit Trianon naquele dia para avisar a rainha de que uma turba revolucionária estava vindo de Paris. As pesquisadoras ligaram esse mensageiro ao homem  correndo perto do quiosque. E, no livro de  contas de um pagador, descobriram que fora  contratada uma carroça para carregar lenha  naquela data - a tarefa que Eleanor Jourdain vira executarem perto de Hameau. 

          Todas as peças do quebra-cabeças pareciam encaixar-se. Os homens de capa, por exemplo, pareciam estar vestidos mais para o outono do que para um dia quente de agosto. Qualquer que fosse a precisão das interferências delas, Maria Antonieta teria recordado aquele dia com uma mistura de nostalgia e pesar pois, segundo a tradição, foi então que a família real deixou Versalhes para fixar residência em Paris. A rainha nunca mais voltou a ver seu adorado Petit Trianon.

          O pesquisador de paranormalidade G. W. Lambert sugeriu mais tarde que elas poderiam ter tido uma genuína experiência retrocognitiva, mas que confundiram o ano. A pesquisa feita por ele indicou que o quiosque e diversos outros elementos descritos por eles haviam sido removidos por volta de 1774. Ele sugeriu que elas  talvez tivessem visto acontecimentos de cerca de 1770, e não de 1789. 

         As senhoritas Moberly e Jourdain podem também ter visto apenas atores em costumes de época. O biógrafo Phillipe Julian descobriu, ao pesquisar a vida de um brilhante poeta de virada  do século, Robert de Montesquiou, que este e seus amigos com frequência ensaiavam peças históricas perto do Petit Trianon. E Maria Antonieta era uma das personagens prediletas deles. Em um livro de 1965, Jullian sugere que as inglesas podem ter deparado  com um desses grupos amadores de teatro.

          A teoria de Jullian mostrou ser convincente. Dame Joan Evans, uma historiadora da arte e amiga das protagonistas, a quem Eleanor  Jourdain e Anne Moberly  deixaram os direitos  de seu livro em testamento, estava convencida  de que Jullian havia descoberto a verdade, transformando uma instigante história de retrocognição em um mero caso de erro honesto de interpretação. Baseada em sua convicção, Dame Joan recusou-se a permitir qualquer edições posteriores de Uma Aventura em inglês. Mas muitos que leram o livro ainda creem fervorosamente que, de algum modo, as duas mulheres tiveram de fato uma breve visão de um mundo há muito desaparecido.

CONCLUSÕES E IDEIAS

Muitas vezes chegamos a algum lugar ou encontramos alguma pessoa e temos a sensação de que ali já estivemos algum tempo atrás e que, de alguma maneira, conhecemos determinada pessoa.

É preciso compreender que tudo é uma questão de genética. 

Se você é descendente de determinada raça, certamente teve ancestrais que viveram em outros tempos e outros lugares. Por exemplo: na Ásia, muitas pessoas tem o gene de  mongóis (uma raça de guerreiros do Gengis Kan  que invadiam aldeias, matavam pessoas inocentes e estupravam centenas de mulheres). Muitas destas mulheres tiveram filhos e assim transmitiram o genes do estuprador que se espalhou pelo mundo todo. 

Nessa história imagino ser possível que as duas amigas tiveram ancestrais que viveram na época da Revolução Francesa e, depois, transmitiram seus genes carregados das lembranças mais difíceis para os seus descendentes. A genética de antepassados pode se manifestar em forma de impressões visuais e também de sonhos e pesadelos.

O nosso cérebro é muito mais poderoso do que imaginamos. Muitas lembranças marcantes  ficam armazenadas e posteriormente transmitidas para os seus descendentes.

Nicéas Romeo Zanchett 


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