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Ansiosa para começar uma nova vida depois da morte do marido, a senhora Frances Freeborn comprou uma casa em Bakersfield, na Califórnia, em novembro de 1981. Era uma casa agradável, de três quartos, que ficara vazia por cinco anos após a morte da proprietária anterior, a senhora Meg Lyons. Tudo nela estava exatamente como havia sido deixado por Meg Lyons, da mobília dos quartos às roupas cuidadosamente dobradas nas gavetas da cômoda.
A senhora Freeborn estava contente com a aquisição, mas quando começou a esvaziar a casa para ocupá-la com seus próprios pertences, coisas estranhas passaram a se manifestar. No mesmo dia em que que mudou, ouviu um ruído alto de pisoteio vinda d cozinha; como a fornalha estava acesa, ela atribuiu os ruídos à ação do calor sobre os encanamentos sem uso. Depois, portas e armários que ela fechava antes de ir para a cama apareciam inexplicavelmente abertos pela manhã. Ela contratou um chaveiro para ver se os trincos das portas estavam funcionando direito - estavam - e um marceneiro para ver se o armário estava nivelado - estava. Não demorou para que algumas das lâmpadas da casa começassem a se acender quando ela não estava em casa. Fez trocar três interruptores, o que pareceu eliminar o problema, mas logo outras lâmpadas passaram a agir do mesmo modo. Trocou os interruptores das outras lâmpads também, mas ela já estava bem aborrecida: o homem que lhe vendera a casa - Luke Cowley, genro da falecida Meg Lyons - garantira que a fiação estava em perfeito estado.
Cerca de um mês depois da mudança, ela começou a pendurar os quadros que trouxera de sua antiga casa. Colocou um de sua especial predileção - um tríptico de três mulheres de antes da Guerra Civil, emoldurado em um único passe-partout, com três recortes ovais - e quando acordou na manhã seguinte encontrou- cuidadosamente encostado na parede, debaixo do lugar onde o pendurara. Naturalmente, ela presumiu que o quadro havia simplesmente escapado do gancho, e considerou-se com sorte pelo fato de o vidro não ter se quebrado. Pendurou novamente a pintura, desta vez com mais firmeza.
Na manhã seguinte, porém, a pintura tripla estava de novo encostada na parede, sob o gancho vazio. A senhora Freeborn tentou pendurar o quadro em cinco outros lugares diferentes, mas toda as vezes descobriu na manhã seguinte que ele descera - ou fora retirado - durante a noite, misteriosamente.Mais desconcentrada do que assustada, ela desistiu da quinta tentativa.
Dez dias depois, a senhor Freeborn foi tomada por um curioso impulso. Pegando mais uma vez o quadro, levou-o para um quarto vazio e pregou-o em um lugar novo. "Foi como se uma presença me dirigisse", lembrou-se depois. "Eu mesma nunca o teria pendurado lá. Estava baixo demais, perto demais do interruptor da luz, mas senti-me dirigida a pendurá-lo exatamente lá. Era como falar em público. Você sabe, a gente senta a plateia discordando da gente, ou entrando no discurso. Foi a mesma coisa." Desta vez, o quadro se manteve firmemente no lugar.
Pouco tempo depois, a senhora Freeborn recebeu uma visita de Luke Cowley . Dando uma volta pela casa rearranjada, o genro de Meg Cowley se deteve na hora diante do quadro problemático. A senhora Freeborn percebeu seu espanto, mas Cowley nada explicou na ocasião. Mais tarde ele contou que a sogra dele tivera um quadro muito semelhante, com três recortes ovais, e que o mantinha exatamente no mesmo lugar. Como a senhora Lyons mal chegava a 1,60 metro de altura, para ela o quadro ficava à altura do olhar. Segundo Cowley, ela fora uma mulher muito dominadora e teimosa, muito orgulhosa de sua casa com sua decoração. Com efeito, os amigos dela chegavam a comentar: "Esta casa é a Meg!" Frances Freeborn nunca dera muito crédito ao que ela chamava de "bobagens psíquicas", mas agora ela foi forçada a imaginar: seria a flecida Meg Lyons de algum modo responsável pela intena sensação de "desagradabilidade" que ela experimentava a cada vez que mudava alguma coisa na casa?
Como tinha problemas de coluna, Frances Freeborn contratava trabalhadores para elevar os parapeitos e os acessórios da casa que anteriormente haviam sido feitos de acordo com a baixa estatura da proprietária anterior. Quando a reforma começou a avançar, a senhora Freeborn sentiu uma hostilidade na atmosfera. "Era como se aquilo - eu chamava a estranha sensação de 'aquilo' - desaprovasse o que eu estava fazendo", disse ela. Apesar disso, ela não imaginava correr algum perigo. Porém, em janeiro de 1982, quando ela se preparava para redecorar o quarto principal da casa, as coisas atingiram um súbto e aterrador clímax.
Durante todo o dia, ao comprar tinta e papel de parede para a reforma, ela teve a desagradável sensação de que alguém a estava vigiando, e à noite seu sono foi perturbado por por misterisos golpes e estrondo em partes distantes da casa. Levantando-se da cama por volta das duas damanhã, ela foi até o banheiro adjacente a seu quarto. Quando estava lavando as mãos na pia, a jenela do banheiro se abriuem um movimento etrepitoso. Assustada, a senhora Freeborn achou que um ladrão estava tentando entrar na casa. Contudo, ao olhar para a escuridão lá fora não viu nada, a não ser que a tela que tornava a janela inacessível pelo lado de fora continuava intacta. Fechando a janela, ela voltou para o quarto, onde, assustada e incapaz de dormir, ficou sentaa na beira da cama. A aventura apenas começara.
Repentina e simultaneamente, a janela do banheiro abriu-se de novo e a do quarto fechou-se com estrondo. Enquanto o cachorro dela começava a latir freneticamente, a senhora Freeborn ficou em pé de um salto, olhando as portas de dobrar do armário que se abriam como se fosse por vontade própria, ao mesmo tempo que as portas do outro armário se fechavam ruidosamente, sem qualquer ajuda visível.
Uma única ideia tomou conta dela em meio à cena caótica: sair da casa o mais rápido possível. Apanhando o cachorro no colo, saiu correndo do quarto. A porta na passagem para o corredor, que a assustada mulher fechara antes de ir para a cama, estava agora aberta, sem que ela tivesse tocado nela. Ao atravessá-la, apressada, a senhora Freeborn sentiu um estranho impacto. "Havia uma zona de pressão" contou, "uma massa lá fora no corredor, como se algo tenebroso e feio estivesse concentrado lá." Acendeu as luzes, mas não viu nada. Os latidos do cachorro ficaram ainda mais frenéticos.
Ali no corredor, dois meses de acontecimentos estranhos estava chegando ao auge. "Percebi que tinha que sair da casa, ou morreria", afirmou mais tarde a senhora Freeborn. A aterrorizada mulher sentiu três forças diferentes - uma de cada lado e outra bloqueando-lhe o caminho - que não queriam que ela passasse. Gritando, "Saiam do meu caminho!", ela seguiu em frente. Sentiu que as duas presenças ao lado ficaram "surpresas" quando ela conseguiu passar, e a que estava diante dela recuou em aparente choque. Parando apenas para agarrar um casaco e a bolsa, ela saiu pela porta de trás e fugiu de carro, ainda vestida apenas de camisola. De manhã, ela estava pensando em vender a casa.
Os eventos descritos acima foram contados em um relatório detalhado por L. Stafford Betty, membro do Departamento de Filosofia e Estudos Religiosos da Califórnia State College, em Bakersfield. (Como ocorrer nesses estudos, Betty trocou por pseudônimos os nomes reais, para proteger as pessoas envolvidas.) Após uma considerável investigação, que se estendeu por mais de um ano, Betty convenceu-se de que não havia qualquer fraude nos relatos de Frances Freeborn e Luke Cowley. Concluiu que alguns dos fenômenos experimentados podias ter sido ocasionados por causas físicas, mas que muitas das ocorrências não poderiam ser explicadas com tanta facilidade. "A única explicação que cobre todos os fenômenos", escreveu no Journal Of the American Society for Psichical Research em 1984, "só pode ser paranormal."
O caso de Bakersfield parece encaixar-se na estranha categoria de atividade paranormal conhecida como fenômeno de Poltergeist. O próprio termo "Poltergeist" - das palavras alemãs poltern, que significa barulhento ou traquinas, e Geist, que quer dizer espírito - sugere os fantasmas bagunceiros do folclore e das lendas populares. Os fenômenos posto sob a etiqueta de Poltergeist formam uma verdadeira colcha de retalhos", observou Alan Gauld, um pesquisador de paranormalidade e professor universitário de psicologia. "As duas classes principais mais comuns são talvez a dos ruídos percussivos -golpes secos, pancadinhas, baques, golpes violentos, estalos e estouros -e a dos movimentos de objetos- coisas que são inclinadas, deslocadas, movidas, levantadas ou atiradas."
Os Poltergeist são então, quase literalmente, coisas que se chocam - mas geralmente não à noite. Os fenômenos de Poltergeist tendem a ser diurnos, segundo o parapsicólogo William G. Roll, enquanto as assombrações tradicionais são com frequência noturnas. E a atividade dos Poltergeist costuma estar centrada em pessoa específica, e não em um lugar, tal como acontece com as assombrações. Mas mesmo essas características gerais têm suas exceções. Tudo que se pode dizer com certeza é que os distúrbios de Poltergeist começam de repente e sem aviso, duram alguns dias ou alguns anos e depois, tipicamente, cessam tão abrupta e misteriosamente quanto começam.
Existe um nítido desacordo sobre o que é, de fato, um Poltergeist e sobre as forças que podem estar por trás de sua atividade. Até o próprio termo Poltergeit foi causa de aceso debate. William G. Roll acha que o nome é mal aplicado, "posto que implica em agente separado de qualquer organismo vivo". Na opinião de Roll, os Poltergeist nada tem de fantasmas barulhentos, mas são na verdade poderosos fenômenos "centrados na pessoa", desencadeados na mente ou na psique de agentes vivos, humanos. Em outras palavras, o que parece obra de um espírito inuieto pode na verdade ser atribuído àquela energia psicocinética descontrolada de uma pessoa viva - especificamente, àquiloque Roll e seu colega J. Gaither Pratt chamaram de "psicocinese recorrente espontânea", ou RSPK (abreviatura da denominação em inglês: recurrent spontaneous psychokinesis ). A maioria dos casos relatados de Poltergeist pode ser explicada por fraude, alucinação ou causas puramente físicas. Entre os parapsicólogos modernos, a RSPK é de longe a teoria de maior aceitação para as atividades de supostos Poltergeist que desafiam todas as explicações mais simples.
Alguns pesquisadores, contudo, dizem que a psicocinese não serve para explicar todos s casos enigmáticos. No caso Bakersfield, por exemplo, o único agente vivo possível parecia ser a própria senhora Freeborn. O pesquisador Batty sustenta que há poucas razões para supor que Frances Freeborn pudesse causar, conscientemente ou não, tamanha confusão para si mesma. E acredita que, na verdade, o fato de ela ter conseguido mais tarde limpar a casa do Poltergeist ofensivo com a ajuda de sensitivos espirituais dá crédito à opinião contrária, a do espírito "desencarnado". Tal teoria - desprezado pela maioria dos pesquisadores mais conservadores - sugere que os Poltergeist são de fato mais aparentados com as assombrações tradicionais e têm uma inteligência independente, separada de qualquer ser vivo.
Coletar dados para provar ou refutar essas teorias é muito difícil, posto que as manifestações de Poltergeist são extremamente raras, quando comparadas a outros fenômenos de assombração. Roll assinala que, em um ano típico, apenas alguns poucos casos chegam ao conhecimento dos pesquisadores sérios. Além disso, é raro que os incidentes possam ser testemunhados pessoalmente por um pesquisador de paranormalidade. Em geral, os investigadores tem que utilizar informações de segunda mão, fornecidas por observadores presentes por acaso durante os eventos. No caso Bakersfield, por exemplo, os críticos da hipótese de Betty em favor de um agente desencarnado salientam que o argumento dele se baseia, em grande parte, em sua própria fé na veracidade de uma única testemunha,Frances Freeborn - a qual, dizem os que duvidam, pode ter sofrido alucinações, mesmo que acreditasse estar dizendo a verdade.
É interessante notar que os investigadores dos primeiros casos registrados de atividades de Poltergeist deram um jeito para experimentar os fenômenos diretamente. Isso correu por volta de 1661 em Tidworth, uma aldeia inglesa da planície de Salisbury, a cerca de 160 quilômetros ao sul de Londres. Na época, as pessoas de Tidworth não usaram o tempo Poltergeist, é claro. Falaram de demônios, bruxas, espíritos, fantasmas - alguns dos muitos nomes pelos quais os Poltergeist foram chamados através dos séculos. Os nomes variam, mas os problemas que eles causam permaneceram surpreendentemente consistentes, e o caso Tidworth é reconhecido como possuidor das características clássicas da atividade Poltergeist. Nas palavras de Harry Price, o famoso pesquisador de paranormalidade, esse caso "pôs os Poltergeist no mapa".
O estranho caso começou quando um tamborileiro itinerante chamado William Drury foi levado à presença do juiz de paz de Tidworth, um estudioso formado em Oxford chamado John Mompesson. Drury, que afirmava ter sido soldado das tropas de Oliver Crmwell, fora detido sob a acusação de exigir dinheiro das autoridades locais com falsos pretextos. Após ouvir os testemunhos, Mompesson ordenou que o tamborileiro ficasse detido até ser julgado. Por estranho que pareça, Drurypaecia estar mais preocupado com seu instrumento, confiscado por Mompessom, do que com a perda da liberdade. Mompesson ignorou os apelos de Drury e ordenou que o instrumento fosse levado para sua casa. Drury foi solto logo, após um curto período de detenção.
No mês seguinte, Mompesson saiu de Tidworth para uma breve viagem a Londres. Quando voltou, encontrou a esposa e os filhos à beira do terror. Durante várias noites seguidas, o sono deles fora interrompido por ruídos altos e persistentes que não tinham qualquer fonte aparente.Mãos invisíveis batiam nas portas e davam pancadas nas janelas. Os moradores não haviam tido um único momento de paz, contaram ao espantado Mompesson.
O juiz de pas era um homem calmo e metódico, não muito dado a voos de fantasia. Achou que o barulho podia ter sido causado por ladrões tentando entrar na casa. Assim, quando os ruídos voltaram três noites depois, Mompesson pegou um par de pistolas e escancarou a porta. Nada havia lá fora, a não ser a escuridão e um estranho som cavo.
Um pesado pisoteio ou ruídos de golpes surdos de fonte indeterminada incomodaram a família durante todo o resto daquela noite e por várias noites depois, perturbando de tal modo a senhora Mompesson que ela acabou adoecendo. Em pouco tempo, as manifestações noturnas ficaram ainda mais incômodas. As cadeiras dançavam nos cômodos da casa, objetos soltos voavam por sobre as cabeças e penicos eram derramados sobre as camas. Certa manhã, o ar ficou pesado com o odor de enxofre. As coisas continuaram assim por vários meses. Às vezes, os fenômenos paravam por dias ou semanas, apenas para recomeçar com redobrado vigor.
As notícias dos estranhos acontecimentos acabaram chegando ao conhecimento do rei Carlos II, que despachou alguns de seus conselheiros para que tivessem um relatório sobre os fenômenos misteriosos. O grupo aumentou depois coma chegada do famoso arquiteto Sir Christopher Wren. Outro notável entre os investigadores era o capelão do rei, Joseph Glanvill, membro da Royal Society. Embora nada na formação ou nas crenças de Glanvil pudesse tê-lo preparado para as incríveis ocorrências em Tidworth, ele contribuiu para os estudos do mistério com seu olhar e sua viva inteligência, conduzindo o que foi na verdade uma das primeiras investigações de paranormalidade.
Glanvill não precisou esperar muito tempo pelo primeiro encontro como Poltergeist de Tidworth. Na noite em que ele chegou, uma criada desceu para contar-lhe que os incômodos ruídos que todas as noites começavam na hora de pôr as crianças na cama já estavam acontecendo no quarto das duas filhas mais jovens de Mompesson. Um barulho nítido de raspagem podia ser ouvido, vindo de trás da cama delas. Glanvill correu até o quarto eenfiou a mão atrás da cama, mas nada sentiu. "Tinham medito que 'aquilo' imitava ruídos" escreveu o capelão depois, "e fiz uma tentativa, arranhando várias vezes o lençol." A cada vez, o ruído provocado por Glanvill era respondido por igual número de arranhaduras do visitante invisível. "As duas modestas menininhas", anotou ele "conscienciosamente mantinham ambas as mãos à vista naquele momento. Procurei embaixo e atrás da cama e fiz todas as buscas que me pareceram possíveis, para ver se descobria algum truque, artimanha ou causa comum. "Nada conseguiu encontrar, terreno ou não, que pudesse ter produzido os sons.
A estadia de Glanvill em Tidworth foi animada por uma manifestação incrível após outra, Objetos voadores tornaram-se rotineiros, bem como o persistente tamborileiro de batidas "espirituais" que acompanhavam todos os distúrbios. Certa noite, pancadas urgentes na porta do quarto acordaram Glanvill de um sono profundo. Ele perguntou várias vezes quem estava batendo, sem obter resposta. Frustrado, ele gritou. "Em nome de Deus! Quem está aí, e que deseja? Os golpes pararam e Glanvill esperou por um momento, em silêncio. Então, uma voz desconhecida soou do outro lado da porta. "Nada com o senhor", disse a voz. No dia seguinte, ninguém na casa admitiu ter estado acordado.
Esses acontecimento acabaram cobrando seu preço sobre os nervos da família. Certo dia, quando Mompesson viu um pedaço de lenha se mexer na lareira, não aguentou mais a tensão. Disparou sua pistola sobre a lareira, e adiantou-se para confrontas o demônio que estava antagonizando sua família. Parou estarrecido quando chegou `lareira. Sobre a lenha havia várias todas de sangue.
Não demorou para que as suspeitas do caso recaíssem sobre William Drury, o vagabundo cujo tambor fora confiscado por Mompesson. Imprudente, o tamborileiro se vangloriara de lançar uma maldição sobre o juiz de Tidworth. "Lancei uma praga sobre o juiz", afirmou Drury, "e ele nunca ficará em paz, até dar-me satisfações por ter tirado meu tambor." William Drury nunca obteve as satisfações que queria. Em vez disso, foi julgado por bruxaria e enviado para um confinamento longínquo. Foi só então que as estranhas manifestações na casa dos Mompesson acabaram.
Haveria de fato um Poltergeist em ação em Tidworth, desatado pela malevolência do tamborileiro? É impossível afirmar com certeza. Por sua parte, Joseph Glanvill voltou de lá convencido de que alguma força não natural causara os distúrbio. "Confesso que as passagens descritas não são tão terríveis, trágicas e espantosas", escreveu em seu sumário, "mas não são por isso menos verdadeiras. E são estranhas o bastantes para provar que resultam de algum agente extraordinário invisível, e assim demonstrar que há espíritos que às vezes interferem sensivelmente em nossos assuntos."
Ao contrário dos atuais investigadores da paranormalidade, Glanvill tinha pouca coisa para comparar com as experiências que conhecia, poucos paralelos a traçar com observações ou terias de outros. Com um embasamento maior, ele poderia ter concentrado sua atenção sobre as duas filhas de Mompesson, as "duas meninas modestas" que parecem ter estado no centro de tanta manifestações. Os pesquisadores modernos desconfiam que as meninas podem ter tido mais a ver com os eventos do que o tamborileiro vagabundo. Em caso após caso, a atividade de Poltergeist parece envolver adolescentes. Em alguns exemplos - talvez a maioria - os jovens procuram pregar uma peça nos outros. No entanto, os pesquisadores dizem que em outros casos o envolvimento de adolescentes pode sugerir que eles sejam fonte de poderosas energias psíquicas sobre as quais pouco se sabe, ou mesmo que ele sirvam como catalisadores, condutos humanos pelos quais são catalisadas as forças do mundo dos espírito.
Se Glanvill deixou de chegar a uma conclusão dessas por conta própria, não foi por falta de esforço. Nos anos que se seguiram ao episódio de Tridworth ele escreveu extensamente sobre o assunto, e correspondeu-se com pessoas que haviam testemunhado ou ouvido falar de eventos semelhantes. Um indivíduo com o qual ele talvez tenha trocado cartas é o clérigo americano Increase Mather.
A tradição recorda de Increase Mather e de seu filho, o líder puritano Cotton Mather, como as forças impulsionadoras um tanto fanáticas por trás da caça às bruxas de 1692 em Salem, no estado de Massachusetts. Na verdade, os dois homens parecem ter sido bastante razoáveis e de mente aberta no tocante ao sobrenatural. Durante a histérica caça às bruxas, Cotton Mather aconselhou uma abordagem cautelosa, exortando os juízes a tomarem cuidado nos julgamentos comas "provas espectrais" e afirmando que a oração e o jejum poderiam ser mais eficazes do que a ação legal punitiva na perseguição às bruxas.
As opiniões dos Mather podem ter sido moldadas por um incidente ocorrido dez anos antes da caça às bruxas, na casa de George Walton, em New Hampshire. Diz-se que a coisa começou na noite de domingo, 11 de junho de 1682. Após recolherem-se, ao anoitecer, Walton e a família foram subitamente acordados pelo barulho de grandes pedras bombardeando a casa em todas as direções. Uma pesquisa fora da casa não revelou qualquer humano para a chuva de pedras, que manteve a mesma intensidade.
As pedras continuaram sendo atiradas esporadicamente por vários dias, chamando a atenção dos vizinhos, dos amigos e do secretário da província de New Hampshire, Richard Chamberlain. Durante suas visitas à casa dos Walton, o próprio Chamberlais foi atingido diversas vezes pelos projéteis misteriosos. Em seu relatório, ele foi forçado a concluir que o bombardeio "deve necessariamente ser feito por meios extraordinários e sobrenaturais".
O caso deixou Increase Mather fortemente impressionado, e no ano seguinte ele publicou seu próprio relato. Tal como Joseph Glanvill, Mather aproveitou a ampla publicidade em torno do caso para persuadir os céticos acerca da realidade do sobrenatural e para afirmar sua própria crença na "existência real de aparições, espíritos e bruxas".
Mather não podia saber que atirar pedras - ou praticar a litobolia, tal como isso veio a ser chamado - pode ser um dos truques prediletos dos Poltergeist, nem teria reconhecido a palavra Poltergeist. Mas os relatos ele e de Glanvill estiveram entre os primeiros passos vacilantes no sentido de identificar e entender o fenômeno. A obra deles começaria a dar frutoscom a assombração de Epworth, na Inglaterra, alguns anos depois.
O caso Epworth é ainda mais notável por ter envolvido a famíliade John Wesley, o fundador do metodismo. Em 1717, o jovem John, então com 14 anos, estava em um internato com seus irmãos mais velhos; os rapazes começaram a receber relatos de acontecimentos peculiares na paróquia de Epworth, uma pequena cidade de Lincolnshire a cerca de 80 quilômetros do mar do Norte, onde seu pai, o reverendo Samuel Wesley, morava com a mãe e as irmãs deles.
Tal como no caso do tamborileiro de Tidworth, cerca de cinquenta anos antes, conta-se que os problemas em Epworth começaram com batidas inexplicáveis na porta, assustando a família inteira. A esposa do clérigo ficou especialmente perturbada, imaginando que o barulho pudesse pressagiara morte de um de seus filhos. Os Wesley disseram que, além das batidas na porta, ouviram passos fantasmagóricos, ruídos retumbantes. inexplicáveis no porão e no sótão, e um grande estardalhaço de vidros e coisas caindo, como se alguém estivesse despejando um balde de moedas no chão.
Ao saber dos acontecimentos pelas cartas da família, Samuel, o filho mais velho, disparou imediatamente um série de perguntas destinadas a revelar a verdade das coisas, perguntas que teriam satisfeito o mais cético dos pesquisadores de paranormalidade. "Houve alguma nva empregada, ou algum trabalhador na casa que pudesse estar pregando peças?", perguntou em uma carta. "Havia alguém em cima, no sótão, quando ouviram passos lá? Será que gatos, ratos, ou cães não podem ser os espíritos?
Contudo, todas suas perguntas tiveram respostas negativas e os fenômenos continuaram, inabaláveis. Os Wesley afirmavam ouvir passos a qualquer hora, bem como o farfalhar de um tecido, como se alguém estivesse arrastando uma longa camisola no andar de cima. Em uma ocasião, quando o senhor Wesley se sentou à mesa para jantar, seu prato de comida começou a dançar alegremente em cima da mesa. A esposa e as filhas de Wesley afirmaram ter visto o ser assumir formas animais também, aparecendo às vezes como um texugo, outras vezes como um coelho branco.
Embora os distúrbios relatados na paróquia de Epworth tivesse durado apenas dois meses, deram origem a uma controvérsia que continua até hoje. Seriam autênticos os fenômenos? Os céticos asseguram que forças humanas, e não espirituais, podem ter sido as responsáveis. Wesley tinha muitos inimigos em Epworth, Alguns dos quais podem ter preparado os acontecimentos assustadores para expulsá-los da aldeia. Alguns criados descontentes também podem ter colaborado para atormentar a família. No auge do mistério, Wesley foi aconselhado por pessoas de todas as partes a abandonar a residência assombrada, mas desafiadoramente ele se recusou a fazê-lo.
Outros sugeriram que os eventos foram maquinados pela filha de 19 anos de Wesley, Hetty, que parecia estar no centro da maioria dos fenômenos. Aparentemente, a moça era muito inteligente, e pode ter-se visto entediada e insatisfeita com a vida sossegada de Epwoth, talvez um pouco invejosa das realizações de seus irmãos. Contudo, se foi um logro, foi extraordinariamente bem executado, demonstrando imaginação e técnica. Até os partidários dessa tese têm dificuldade para explicar como uma moça de 19 anos, mesmo talentosa, pode ter conseguido imitar o ruído de moedas caindo, ou fazer dançar o prato de comida.
A teoria mais imaginativa foi aventada por Joseph Priestley, que mais tarde ficaria famoso como descobridor do oxigênio. Depois de examinar o caso, Priestley sugeriu que Hetty poderia ter causado os incidentes, mas acreditava que ela o tivesse feito inconscientemente, sem de fato entender o que estava acontecendo, ou sem desejar que acontecesse. Priestley parece ter sido o primeiro a sugerir uma conexão entre as atividades de Poltergeist e os podres desconhecidos da mente humana.
As crenças de Priestley, que anteciparam as teorias sobre os Poltergeist de investigadores posteriores como William G. Roll, foram quase esquecidas na controvérsia que se seguiu ao notório caso de Cock Lane, cerca de quarenta anos depois. Esse episódio capturou a atenção de toda Londres em 1762. Antes de chegar ao final, a história envolveria ainda escândalo, conspiração e uma suspeita de assassinato. Mais uma vez, havia uma jovem no centro de tudo.
O caso começou quando Willian Kent e a esposa, Fanny, chegaram a Londres e se alojaram em Cock Lane, uma rua pequena e tortuosa na periferia da cidade. No início, Kent gostou de seu novo senhorio, Richard Parsons - tanto que lhe emprestou doze guinéus, soma considerável para a época, e contou a ele seu mais oculto segredo: Fanny, confidenciou Kent, não era sua esposa legal. A verdadeira, Elizabeth, morrera uma ano antes, durante o parto. Na verdade, Fanny era sua cunhada, que havia cuidado de Elizabeth durante toda a gravidez problemática. William e Fanny haviam ficado íntimos com a tragédia; no entanto, as leis da época não permitiam que um homem se casasse com a irmã da esposa falecida. Parsons concordou em guardar segredo, e por uns tempos tudo pareceu ir bem em Cock Lane.
Os primeiros sinais de problema surgiram no outono de 1749. O senhor Kent saiu da cidade para assistir a um casamento e Fanny, que tinha medo de dormir sozinha, perguntou se a filha do senhorio, uma menina de onze anos de idade chamada Elizabeth, poderia passar a noite no quarto com ela, para fazer-lhe companhia. Nessa noite uma cacofonia de baques, golpes secos e rangidos assustadores encheram o quarto, impedindo que Fanny e Elizabeth dormissem. Quando esta última, na manhã seguinte, perguntou à mãe sobre os ruídos, a senhora Parsons explicou que um sapateiro, que morava ao ao, às vezes trabalhava durante a noite. Esta era, garantiu à filha e a Fanny, a fonte dos distúrbios.
Mas os ruídos assustadores continuaram nas noites seguintes, mesmo quando o sapateiro vizinho estava ausente. A situação piorou ainda mais quando Willim Kent voltou para casa da viajem e abriu um processos contra o senhorio, por não ter recebido o dinheiro que emprestara. Despeitado, Parsons reagiu divulgando a notícia de que os Kent não eram legalmente casados. O casal mudou-se imediatamente de Cock Lane. Mas o assunto desagradável não terminaria aí. Fanny, que nessa altura estava grávida de seis meses, ficou com medo de que os acontecimentos fantasmagóricos no quarto dela fossem um anúncio de sua própria morte - Talvez pela mãos do espírito vingador de sua irmã. Algumas semanas depois, Fanny morreu realmente. Embora um médico tenha atribuído a tragédia à varíola, o terror que ela sentia sem dúvida contribuiu para o desfecho.
As coisas não estavam muito melhores em Cock Lane, onde, segundo se conta, as manifestações de Poltergeist irromperam com nova força em janeiro de 1761, atormentando a filha dos Parsons, Elizabeth, agora com 13 anos, com batidas e rangidos fortes. Após a morte de Fanny Kent, Elizabeth ficou ainda mais perturbada, e começou a ter ataques. O pai dela, no entanto, negava-se a admitir a hipótese de uma manifestação sobrenatural. Com esperanças de que a família estivesse sendo vítima de uma brincadeira cruel, ele arrancou os lambris do quarto de Elizabeth para expor a fonte dos ruídos. Nada encontrou. Os fenômenos não pararam quando a menina mudou de quarto, nem quando ela foi dormir em casas de vizinhos.
Parsons, sem saber o que fazer, pediu para o reverendo John Moore investigar. Moor, seguidor de John Wesley, tinha conhecimento dos estranhos incidentes na casa dos Wesley, quarenta anos antes. Acreditando que um espírito semelhante poderia ser responsável pelos problemas de Elizabeth, começou a conduzir uma série de sessões no quarto da menina, para travar conhecimento com a criatura.
Essas sessões conquistaram uma curiosa notoriedade em toda Londres, e não demorou para que a casa dos Parsons tivesse o prestígio de um salão da moda. Entre os que frequentavam Samuel Johnson, o eminente lexicógrafo e ensaísta; Oliver Godsmith, célebre autor teatral; e Horace Walpole, escritor e historiador. Godsmith, que escreveu um folheto anônimo sobre o fenômeno descreveu a atmosfera teatral do quarto de Elizabeth: "O leitor deve imaginar um quarto muito pequeno com uma cama no centro; na hora normal de ir para a cama trocam e preparam a menina, com a solenidade apropriada; em seguida os espectadores são introduzidos e sentam-se olhando uns para os outros, contendo o riso, e esperam em silêncio pela abertura da cena."
Todavia, em pouco tempo haveria pouco motivo para risadas em Cock Lane. Parsons havia começado a acredita que o fantasma da falecida Fanny Knt era responsável pelos contínuos distúrbios. Como fazia um barulho parecido "com as unhas de um gato arranhando uma poltrona de vime", o espírito ficou conhecida como Scratching Fanny, ( Fanny, a que Arranha). Parsons e o reverendo Moore usavam um código simples - uma batida para sim, duas para não - para comunicar-se com o espírito. Através desse código grosseiro veio a acusação estarrecedora: Fnny, pois agora era assim que o espírito se identificava, fora assassinada por seu falso marido, Willian, mediante arsénico posto em uma "pinta purl", uma caneca de cerveja temperada. Além disso, continuou Scatching Fanny, ela esperava que Willian fosse enforcado por isso.
A acusação ecoou em toda a cidade. Kent, que estava então trabalhando como corretor da Bolsa, só soube do que estava ocorrendo em Cock Lane pelos jornais. De repente, viu-se metido em um incômodo papel central. As pessoas começaram a apontá-lo nas ruas, e a acusação de assassinato não foi de muita ajuda para sua reputação profissional.
Kent não hesitou em voltar para Cock Lane e confrontara família Parsons em uma das sessões de Elizabeth. Ao ouvir o espírito repetir a acusação, gritou irado: "És um espírito mentiroso! Não és o espírito da minha Fanny. Ela nunca diria algo assim." Logo estava-se diante de uma crise. Devido à gravidade da acusação contra Kent, decidiu-se submeter Elizabeth a rigorosos testes, para eliminar a possibilidade de logro. A vida de Kent estava em jogo. Se a atividade do Poltergeist fosse considerada autêntica, ele com certeza seria julgado por assassinato. Senão, então os Parsons eram culpados de montar uma fraude elaborada e nociva, talvez como vingança pelo processo movimentado por Kent para recuperar seu dinheiro.
Os testes foram desconfortáveis e rigorosos. Em uma sessão, Elizabeth foi estendida em uma rede com seus braços e pernas sob rigoroso controle. Em outra, mandaram-na deixar as mãos à vista, acima dos cobertores. Sob condições mais estritas, os fenômenos cessaram. Disseram à infeliz Elizabeth que se ela não conseguisse produzir uma manifestação de Poltergeist seu pai seria preso por fraude. Na sessão seguinte, a criança foi pega em flagrante no momento em que tentava esconder um pedaço de madeira, que poderia ser usado para produzir os sons de raspagem, debaixo do vestido.
A revelação deu um fim ao fantasma de Cock Lane. Parsons foi julgado culpado de conspiração e condenado ao confinamento em um pelourinho público, onde as autoridades acreditavam que ele seria coberto por gatos mortos, comida podre e outras imundícies atiradas pelos passantes. O público inglês, porém, não estava convencido da culpa de Parsons. Em vez de lixo, as pessoas atiravam dinheiro para o senhorio condenado.
Muitos pesquisadores modernos compartilham da simpatia para com os Parsons. Com certeza, argumentam, o truque de Elizabeth pode ser entendidos -e talvez até desculpado - pela temível perspectiva de ver o paina prisão, mas o fato de ele ter trapaceado uma vez não desacredita automaticamente as manifestações anteriores. Nem tampouco o pedaço de madeira contrabandeado por Elizabeth podia explicar todos os ruídos ouvidos em Cock Lane, principalmente o relatado por uma babá, que falou de um pássaro grande voando por sobre nossas cabeças".
A história teve um adendo arrepiante. Em 1850, quase cem anos após os eventos de Cock Lane, um homem e um menino aproximaram-se de uma cripta funerária na igreja de Saint John, em Londres. o Ilustrador de um livro sobre fenômenos sobrenaturais tinha vindo dar uma olhada na famosa Scratching Fanny, cujo espírito fora fonte de tantas acusações e histórias fantásticas, e que se acreditava estar enterrada naquela cripta. Iluminado por uma lanterna, o filho do desenhista abriu a tampa de um caixão empoeirado. O rosto dentro do ataúde era o de uma bela mulher jovem. Nenhum sinal de varíola, que se supunha ser a doença que a tinha matado, era visível. Mais estranho ainda, cem anos depois de morta, a mulher tinha poucos sinais de deterioração. "Os restos", escreveu o artista, "estavam perfeitamente conservados."
Para os cientistas legistas de hoje, a descoberta talvez seja indício de um fim que nada tem a ver com a varíola. A deterioração lenta do corpo pode ser sinal de morte por envenenamento com arsênico.
Os efeitos do episódio de Cock Lane seriam sentidos por algum tempo, tanto pelos que acreditavam quanto pelos céticos. Quando uma nova febre de Poltergeist varreu Londres, dez anos depois, as pessoas estavam prontas para desconfias de uma fraude. No entanto, os eventos relatados na casa e uma viúva idosa, chamada senhora Golding, no tranquilo povoado de Stockwell, na Inglaterra, foram ainda mais desconcertantes - e muito mais destrutivos - do que os de Cock Lane.
De acordo com os relatos do incidente, o Poltergeist de Stockwell anunciou-se por um caos de objetos voadores, em janeiro de 1772. Bandejas, relógios e lanternas despencaram no chão da cozinha da senhora Golding, ovos e velas cruzaram os ares e a água deixada em uma chaleira começou a ferver inexplicavelmente. A senhora Golding, "uma dama fina, de caráter e reputação irrepreensíveis", ficou completamente perturbada e chamou diversos amigos e vizinhos para testemunhar os fenômenos.
Chegou-se rapidamente à conclusão de que as manifestações estavam centradas na jovem Ann Robinson, uma criada de 20 anos contratada pela senhora Golding apenas dez dias antes de começar infestação pelo Poltergeist. Quando Ann saia da casa, os distúrbios paravam. Quando entrava, começavam de novo. Assim que isso foi descoberto , a criada foi despedida.
Anos depois, Ann confessou a uma amiga que ela mesma - e não um agente espiritual - produzira as manifestações, usando truques e prestidigitações astutas. Com a ajuda de armes e de finos fios de pelo de cavalo, ela fazia com que os pratos e potes parecessem cair por si mesmos das prateleiras. Atirava os ovos quando todos estavam olhando para outro lado. Quanto à água fervente, ela simplesmente jogou na chaleira um envelope de um produto químico que faz a água borbulhar. E por que teria ela preparado uma trapaça tão elaborada? A confidente dela diz apenas que havia "uma história de amor ao caso", sugerindo que Ann pode ter querido afugentar a senhora Golding da casa para poder dar prosseguimento a algum tipo de intriga com um namorado.
Aparentemente, a confissão deveria esclarecer e desacreditar o breve e sensacional caso Stockwell, mas moderno investigador psíquico Harry Price não acreditou. Price observou que "nem mesmo o maior conjurador vivo poderia produzir os efeitos de Stockell por meio de arames e coisas do gênero., rodeado de pessoas que estavam à procura de truques, em um cômodo bem iluminado, sem ser detectado instantaneamente". Se a observação de Price estiver correta, teremos um caso estranho nos anais da paranormalidade - um caso em que uma confissão de fraude é ela mesmo uma fraude.
Não haveria confissão de fraude como essa na solução do caso Stans, do início da década de 1860. A contrário, Melchior Joller, cuja família foi vítima do ataque, parece ter obtido alguma visão secreta da verdadeira natureza dos Poltergeist, mas preferiu levá-la consigo para a tumba.
Joler, um distinto advogado suíço, chegou certo dia a sua casa ancestral perto do lago Lucena e encontrou os moradores amontoados no celeiro, chorando de puro terror. A casa fora tomada por um duende maligno e destrutivo, afirmam.
CONTINUA
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