Em 1752 o navio holandês Palatine zarpou de Amsterdam levando cerca de 300 imigrantes para a América. Após uma viajem terrível, atormentada por tempestades, a embarcação teve um fim calamitoso por volta do Natal, ao largo da ilha de Block, na entrada do estreito de Long Island. Segundo um relato, saqueadores de naufrágios usaram falsos sinais de luz para atraí-lo para as rochas, saquearam o navio e depois atearam-lhe fogo. Os passageiros foram desembarcados, mas quando s chamas estavam consumindo o Palatine, um grito silenciou os saqueadores. Entre as chamas e a fumaça, viram uma mulher solitária e atormentada arrastando-se pelo convés incendiado.
Na época do Natal, um ano depois e nos anos seguintes, os moradores da ilha de Block continuaram a assistir à volta do Palatine em chamas. Em 1869, um velho chamado Benjamin Corydon, que crescera no continente em frente à ilha, admitiu ter visto por oito ou nove ocasiões a nove espectral, "com todas as velas içadas e em chamas", e que suas visitas haviam cessado quando morreu o último dos saqueadores que o tinham atraído para a destruição. Mas talvez ele tenha falado cedo demais: em 1969 foi mais uma vez relatada uma aparição do navio fantasma em chamas.
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Em outubro de 1942, o transatlântico Queen Mary, enquanto transportava tropas, ziguezagueava para despistar os submarinos inimigos quando colidiu com um cruzador da escolta. O enorme navio de 84 mil toneladas cortou em dois o Curação, de 4.200 toneldas, lançando cerca de trezentos marujos para a morte nas águas geladas.
Mais de quarenta anos depois, quando o velho transatlântico já estava há muito ancorado como atração turística em Long Beach, na Califórnia, o carpinteiro marítimo John Smith relatou ter ouvido vozes e barulho de água, enquanto trabalhava no porão do navio, na proa - a parte que passara através do cruzador. Segundo Smith, ele desconhecia o acidente ocorrido durante a guerra ao ouvir os barulhos pela primeira vez.
Willian G. Roll, o famoso parapsicólogo, examinou o navio em 1988. No compartimento da proa, ouviu vozes que não pode explicar. Um gravador ativado por sons, que ele deixou lá durante a noite, captou vozes e um "ruído que sugeria ser água corrente". Roll não concluiu que estava ouvindo um eco fantasmagórico do desastre de 1942, mas julgou que a questão era digna de merecer estudos posteriores.
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Outro caso bem interessante é o dos pescadores fantasmais.
Em um dia tempestuoso de 1869, a escuna Charles Haskel, de Gloucester, em Massachusetts, encontrou um lugar para ancorar durante a noite entre os barcos que abarrotavam o banco Georges, uma área pesqueira no Atlântico. Caída a nite, um vendaval arrastou a âncora do Charles Haskell, que colidiu contra outro barco de pesca; este afundou tão rápido, com toda a tripulação, que só depois o capitão e os marujos do Haskell ficaram sabendo tratar-se do Andrew Jackson, de Salem.
Naquela mesma semana, segundo a história, um marujo que fazia guarda à meia-noite no Haskell avistou um movimento no convés de proa. Enquanto ele olhava, figuras espectrais começaram a subir a bordo por cima da grade, com seus oleados gotejantes. Uma tripulação de fantasmas, presumivelmente os homens do Jackson, começou a trabalhar em silêncio, içando velas invisíveis e lançando redes fantasmagóricas. Consta que eles voltaram todas as noites, até o Haskel regressar para casa. De volta a Gloucester, a tripulação recusou-se a seguir trabalhando nele. Após passar meses no porto, o navio foi vendido para um homem de Nova Escócia, que decidiu nunca mais levá-lo para o banco Georges. Os pescadores espectrais, contam, nunca mais apareceram.
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O gigantesco transatlântico de casco de ferro Great Eastern, cinco vezes maior que qualquer outro navio da época ficou conhecido como "O Gigante Assombrado". Cinco homens morreram durante a sua construção, e outro , um rebitador, desapareceu; correu o bato de que seus colegas de trabalho o havia selado acidentalmente no casco duplo no navio. Quando o barco foi lançado ao mar em 1859, uma caldeira explodiu, matando cinco tripulantes.
O capitão logo se queixou de ter sido várias vezes "rudemente acordado por um constante martelar " nas entranhas do navio - ruído atribuído pelos marinheiros ao fantasma do rebitador preso no casco. O martelar foi relatado repetidamente ao longo de toda a malfadada carreira do Great Eastern. Nunca foram vendidas passagens suficientes para pagar suas viagens. Era perseguido por tempestades e acidentes. Em 1862 ele atingiu um rochedo submerso ao largo de Nova York. O trabalhadores que estavam consertando o casco ficaram aterrorizados com um barulho de batidas, mas acabaram por atribuí-lo ao cordoame batendo contra o casco, abaixo da linha-d'água.
Em 1885, a infeliz embarcação encontrou emprego na colocação de cabos transoceânicos, tarefa ignominiosa para um transatlântico de luxo. Em 1887, com sua carreira terminada, quase afundou quando estava sendo rebocado para um estaleiro de demolições em Liverpool - e, segundo consta, o legendário martelar foi mais uma vez ouvido. O fantasma pode finalmente descansar em 1889, quando os trabalhadores cortaram o casco e enterraram o esqueleto humano ao lado de uma bolsa de ferramentas enferrujadas.
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Conta-se que, há muitos anos, uma embarcação entrou no porto da ilha de Batz, na Bretanha, logo ao amanhecer. Os pescadores locais levantaram os olhos de suas redes e reconheceram a nave como uma das que eram tripuladas por gente das vizinhanças. Escutaram vozes vindas de lá dando ordens e anunciando a praia. Então, para espanto deles, o barco desapareceu da visão, sumindo como um fiapo de névoa sob o sol quente. Mais tarde ficaram sabendo que ele afundara a quilômetros dali, no exato momento de sua aparição no porto.
Os marujos vem contando essas histórias de navios fantasmagóricos desde s primórdios da navegação. Alguns dos navios espectrais das lendas - o mais famoso é o Holandês Voador - foram avistados diversas vezes, segundo se diz. Um navio desses pode ficar rondando em um canto tempestuoso dos mares, assombrando o lugar no qual foi atingido pelo desastre. Outros podem aparecer em qualquer parte, como um prenúncio de calamidade. Outros, como o de Batz, são vistos apenas uma vez - no momento em que mergulha para sua tumba aquática. Em alguns casos o navio não assombra, mas é assombrado: ocorrem fenômenos fantasmagóricos em um barco real.
Os céticos propõem explicações. Um barco real, dizem, pode assumir uma aparência etérea quando é iluminado por concentrações brilhantes de eletricidade, conhecidas como fogo-de-santelmo. Condições excepcionais, como inversões de temperatura, podem desviar a luz, fazendo um barco parecer próximo, embora esteja além do horizonte. E os marinheiros, talvez por sentirem frequentemente suas vidas em perigo, em geral predispõem-se a ideias sobrenaturais. Mas há histórias de assombrações no mar, como as relatadas acima, que desafiam todas as tentativas de explicação.
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